domingo, 18 de setembro de 2011

Falhas gramaticais (ou seria tempos verbais?)

Querida professora,
lhe escrevo sobre o assunto deste período letivo:

                   Falhas gramaticais

De todos os verbos que me foram dados aprender,
algo houve, que aprendi, com quase perfeição,
apenas um.

Aprendi-o em todos os tempos e em todas as pessoas.

Alguns outros, com especial ênfase em um, sinto dificuldades
de conjugar, principalmente no presente.

Há um outro, com o qual acontece uma coisa estranha,
normalmente só o conjugo no futuro.

Mas há um quarto, com o qual coisa semelhante também
ocorre, nunca o conjugo na primeira pessoa, e conjugo-o
muito no imperativo.

Você poderia me dizer algo sobre essas falhas gramaticais, e do porquê elas serem tão comuns?

Há em você curiosidade de saber de quais verbos falo?

Em primeiro lugar, aquele que aprendi com perfeição, é o
verbo errar. Erro sempre, na primeira pessoa, na segunda, no plural e no singular, errei no passado e, certamente, errarei no futuro.

O segundo verbo, aquele de difícil conjugação, é o verbo
reconhecer. Dificilmente consigo reconhecer que errei, ou
que outro acertou. Reconhecer... verbo estranho, palavra
composta... RE CONHECER... Talvez venha daí minha
dificuldade de conjuga-lo, conhecer já é difícil, conhecer
novamente... é deveras difícil.

O terceiro verbo na verdade não está tão só, creio que
aqueles que o acompanham são seus parentes próximos, pois
todos só são fáceis de conjugar em um futuro distante, são
eles farei, mudarei e outros do gênero.

O quarto verbo, que não finaliza esta sessão, mas completa a
introdução, é o verbo melhorar. Este verbo, só o conjugo no
imperativo, e como disse antes, nunca na primeira pessoa:
melhore você, é assim que me é familiar conjuga-lo.

Pois é professora, com todas estas dificuldades em minha
formação escolar, sofro agora de vários problemas, e
gostaria de partilhá-los ainda mais uma vez, com você,
antes que este ano letivo acabe, a senhora vá embora e me
seja dado aprender em outra cartilha.

Faço-lhe então, uma prova aos avessos, para lhe perguntar
sobre meus erros.
Não será de múltipla escolha, pois creio não haver escolha
simples para questão tão complexa.

1ª Questão : Como poderia eu não tê-la magoado, se tanto
aprendi aquele primeiro verbo?

2ª Como poderia ter melhorado, se não consegui ainda
Conjugar direito aquele segundo verbo?

3ª Como poderei mudar no presente, se não terei um
Futuro a seu lado para receber seu apoio e contar com
Você em tão difícil travessia?

  Conjugue comigo este verbo, porque é imperativo que
eu o saiba conjugar num tempo de suavidade, que eu ainda
nem sei qual é, que talvez precisemos mudar a gramática
para inventá-lo, mas para o qual lhe quero minha parceira.

Sei que talvez não esteja em suas mãos me aprovar, sei
que existem muitas leis, estatutos e tantas outras coisas,
que ficam difíceis de serem compreendidas por mim...
Talvez seja preciso que eu me faça repetente nesta
Disciplina, e patine nela até aprender...
Não sei, ouvi dizer, pelos corredores da escola, que avaliar
é coisa muito difícil, não sei nem em que série se ensina,
ouvi dizer que  também existe um outro verbo, mas é mais
difícil ainda, não sei direito se ele se conjuga na
faculdade ou algo assim, parece que o nome deste verbo é
acertar, ou aceitar... Não sei direito, parece que é coisa de
gente mais grande.
No momento, tenho um problema específico com verbos,
mas lhe deixei uma surpresa para o final...

Existem outros verbos que não estavam no currículo, não
Sei bem direito porque, como também não sei exatamente
Como, mas a senhora me ensinou a conjuga-los direitinho.
Quer ver?

Eu amo
Tu amas
Ele ama
Nós amamos
Vós amais
Eles amam

Sei conjuga-lo também no futuro, sabe como?

Eu amarei
Tu amarás
Ele amará
Nós amaremos
Vós amareis
Eles amarão

Como sei que seu tempo de corrigir minhas provas está
Acabando, e também sei que a senhora prestou atenção
direitinho nas coisas que eu sei, não vou conjugar o último
verbo, só lhe direi que o conheço.
É o verbo Respeitar.
Juntando os dois, fica assim:
Te amo e respeito
Sem erros gramaticais,                         

Agradecida e engrandecida por Seu convívio,
de sua aluna Zélia.

Ps1: Minha mãe me falou que há um verbo perigoso, que
normalmente não anda só (será que ele tem medo de escuro? Eu e meu irmão às vezes temos), ela diz que este verbo não se conjuga direito no futuro, e é um verbo do presente, ou ele é um presente... de novo não lembro direito, mas o nome do verbo eu lembro, é SONHAR... Esse verbo, apesar de minha mãe ter dito que é perigoso (não sei porque, mas ela disse que criança não entende disso) ele é cheio de amigos.
Ele anda junto com o acreditar, o trabalhar, o construir, o prosseguir...
Ps2: Acho que é que tem muito verbo no mundo, ou muita gente? Professora, será que é mais difícil conjugar gentes, verbos, sonhos ou realidades? Acho que é por isso que é difícil conjugar o verbo aprender no passado absoluto, ainda bem que não existe este tempo verbal...

“Eu aprendi!”*
Ou aprendi tudo.

Professora, para onde a senhora for, não deixe inventá-lo.

Acho que agora é tchau,
Ou seria até breve?

Lhe amo muito.

Zélia Fajardini
Escola da vida
Séries iniciais
(Turma única)
Lauro de Freitas, 26 de novembro de 1997

domingo, 4 de setembro de 2011

Carta a filha que vai nascer...

Este será o próximo post... Uma carta escrita aos meus 19 anos para a Filha Pressentida e já Amada que dançava em meu ventre enquanto eu me deslumbrava com existir...

O início, o meio e nunca o fim...

Minha Muito Especial e Querida Amiga,
Começo pelo fim,
começo dizendo que Te Amo!
Este é sempre um bom começo e, com certeza,
O único meio.
O único meio pro crescimento, pro movimento,
prá coragem de prosseguir...
O único meio prá parar, aquietar, descansar
Sentir-se aceito pelo que se é,
não precisar ir a lugar
Nenhum...
Ter a suprema liberdade de só Ser.
Te Amo e o Amor inclui
o risco,
o susto,
a surpresa...
A possibilidade real de ver sempre a pessoa nova que é
e está.
Cartão é assim, uma coisa grande, prá gente tentar
(o que a gente sabe não ser possível)
traduzir
o que a gente sente.

No cartão (um dos) feito pela Fundação Natura,
Tem duas crianças, uma olha para a outra e diz:

- Tá vendo aquela casa?
- Qual? (responde a outra) Não há nenhuma casa ali.
- Então vamos construí-la.

A amizade é uma casa construída assim.
O terreno? O Encontro.
O cimento? O Amor.
Os tijolos?
Nossas possibilidades, nossos sustos, limites, sonhos,
medos, alegrias.
Os esteios? Nossos Espíritos.
As portas? A possibilidade de se encantar com
o Ser do outro. Com o que é evidente e com o que é ainda
semente.
Terminar como? Não termina, continua sempre.
Se um dia acabar ficarão para sempre o sorriso, o choro, a impossibilidade de ajudar, de traduzir, porque a Vida é assim:
INFINITA!

Agora, para fins estéticos, termino como comecei:
Te Amo!

Este é o início, o meio e nunca o fim.

Com carinho,
24 de dezembro de 1996