segunda-feira, 24 de outubro de 2011

“É preciso ter referências para ter reverência”...

Organizamos para a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia – SNC&T 2011, que teve como tema Mudanças climáticas, desastres naturais e prevenção de riscos, uma exposição chamada: Aquecimento Global: e eu com isso. Na medida em que fomos desenvolvendo o trabalho ficou mais claro que nos faltam, em uma cultura imediatista e que estimula o superficial e momentâneo, referências. Nos faltam referências em todos os sentidos, temporais, espaciais, de valores, do que importa realmente e do quanto e porque importa.
Então organizamos um painel chamado:
“É preciso ter referências para ter reverência”...
Logo, logo quero compartilhar um pouco sobre esta idéia.
=)

domingo, 23 de outubro de 2011

Quase Roubo! =)

Em outro momento vou "inaugurar" aqui no blog uma sessão chamada coisas que eu gostaria de ter escrito. Não será agora porque ainda não sei organizar estas coisas...


Por isso o título: "Quase Roubo", pois aqui compratiho um dos poemas que mais amei lá pelos idos de meus 16, 17 anos.


Com Vocês:



Coisas da Terra

de Ferreira Gullar



Todas as coisas de que falo estão na cidade
entre o céu e a terra.
São todas elas coisas perecíveis
e eternas como o teu riso
a palavra solidária
minha mão aberta
ou este esquecido cheiro de cabelo
que volta
e acende sua flama inesperada
no coração de maio.

Todas as coisas de que falo são de carne
como o verão e o salário.
Mortalmente inseridas no tempo,
estão dispersas como o ar
no mercado, nas oficinas,
nas ruas, nos hotéis de viagem.
São coisas, todas elas,
cotidianas, como bocas
e mãos, sonhos, greves,
denúncias,
acidentes de trabalho e do amor. Coisas,
de que falam os jornais,
às vezes tão rudes
às vezes tão escuras
que mesmo a poesia as ilumina com dificuldade.

Mas é nelas que te vejo pulsando,
mundo novo,
ainda em estado de soluços e esperança. 
- Merece ser "quase roubada" para que possamos lê-la uma e mais outra vez,
não é???

=)

Ouvindo canto de pássaros, vozes de crianças ao longe, de vez em quando um cachorro latir.
A merecida paz dos silêncios! BEM e LUZ! Bem, Beleza, Alegria e LUZ!  =)  Amor!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Este texto não tinha título... (aceito sugestões!)

Ela é assim, simples.
O que se faz com ela,
virou um hábito tão comum,
pelo menos para alguns,
que às vezes esquecemos
seu poder,
seu significado,
o que pode representar.

Alguns dizem que foi a escrita
um dos grandes motores do processo histórico.

Algumas tradições orais se perderam,
outras foram mantidas pela coragem,
pela determinação e pela fidelidade
de alguns.

Antes as palavras tinham poder...
Era a época dos “homens de palavra”.
Depois o papel e o que se escreve nele
passou a ter mais valor.
Se dizia, então, que palavras o vento leva.
Infelizmente se diz hoje que papel aceita
qualquer coisa...

Se perdeu a dimensão da verdade...
Não a verdade como absoluto,
a Verdade como representação e significante
daquele que a profere...

De um jeito ou de outro,
somos profissionais das letras, das escritas,
das palavras...
Nossas palavras movem mundos,
Ou os mantém “inalterados”.
Podem fazer o Tempo andar mais rápido,
Quase paralisá-lo...
Ou podem ser sábias e andar no tempo do Tempo.
Buscando coerência entre verdades internas e realidades externas.

Hoje creio que o ideal se faz
com a soma dos reais possíveis.

Uns tempos se fecham,
outros se abrem.

Que façamos andar nossas palavras,
que permitamos um significado maior
para nossas escritas.

A “caneta”?

É simples, como pode ser simples e mágico
quase tudo.
Como podemos tornar especiais os momentos,
as palavras, as pessoas...

                                      A VIDA!

Que cada palavra possa ser libertada,
e ter a dimensão exata de nossas
verdades internas...

                   E que elas sejam firmes
                                             flexíveis,
                                             amorosas...

Um tempo e uma folha se acabam e fica sempre a sensação de que mais poderia ser dito, feito, sentido... É assim com A VIDA.

C/Carinho,
Zélia.

O lápis?

Para lembrar que às vezes a gente
rascunha, rabisca, retoca, aperfeiçoa,
muda, melhora.

É um exercício de sabedoria e
humildade aprender a usá-lo.

                                      c/Amor,

                                      Zélia.

Este texto foi escrito no final de 1996, se não me falha a memória, distribuído a colegas e amigos de trabalho dos quais as circunstâncias me levariam a me afastar. Junto a ele iam uma caneta e um lápis. Embora hoje já quase não se escreva com eles, ainda gosto muito deles. Observando melhor, o texto não é sobre canetas e lápis... é sobre outras coisas. Hoje, ao revisá-lo antes de que eu o postasse, Juliana me disse que... ele era um texto “de outros tempos”... Embora singelo, para mim ele permanece atual. Continuo desejando que possamos fazer andar nossas palavras, que elas sejam representativas de nossas verdades, que tenhamos compromisso com elas, que elas inaugurem e instaurem mundos melhores. =) Sim!
Sinto ternura ao lembrar que houve um tempo em que eu não sentia “vergonha” nem constrangimento de me despedir de colegas de trabalho dizendo: c/ Amor...
Bons tempos internos.
...
13 de outubro de 2011




domingo, 18 de setembro de 2011

Falhas gramaticais (ou seria tempos verbais?)

Querida professora,
lhe escrevo sobre o assunto deste período letivo:

                   Falhas gramaticais

De todos os verbos que me foram dados aprender,
algo houve, que aprendi, com quase perfeição,
apenas um.

Aprendi-o em todos os tempos e em todas as pessoas.

Alguns outros, com especial ênfase em um, sinto dificuldades
de conjugar, principalmente no presente.

Há um outro, com o qual acontece uma coisa estranha,
normalmente só o conjugo no futuro.

Mas há um quarto, com o qual coisa semelhante também
ocorre, nunca o conjugo na primeira pessoa, e conjugo-o
muito no imperativo.

Você poderia me dizer algo sobre essas falhas gramaticais, e do porquê elas serem tão comuns?

Há em você curiosidade de saber de quais verbos falo?

Em primeiro lugar, aquele que aprendi com perfeição, é o
verbo errar. Erro sempre, na primeira pessoa, na segunda, no plural e no singular, errei no passado e, certamente, errarei no futuro.

O segundo verbo, aquele de difícil conjugação, é o verbo
reconhecer. Dificilmente consigo reconhecer que errei, ou
que outro acertou. Reconhecer... verbo estranho, palavra
composta... RE CONHECER... Talvez venha daí minha
dificuldade de conjuga-lo, conhecer já é difícil, conhecer
novamente... é deveras difícil.

O terceiro verbo na verdade não está tão só, creio que
aqueles que o acompanham são seus parentes próximos, pois
todos só são fáceis de conjugar em um futuro distante, são
eles farei, mudarei e outros do gênero.

O quarto verbo, que não finaliza esta sessão, mas completa a
introdução, é o verbo melhorar. Este verbo, só o conjugo no
imperativo, e como disse antes, nunca na primeira pessoa:
melhore você, é assim que me é familiar conjuga-lo.

Pois é professora, com todas estas dificuldades em minha
formação escolar, sofro agora de vários problemas, e
gostaria de partilhá-los ainda mais uma vez, com você,
antes que este ano letivo acabe, a senhora vá embora e me
seja dado aprender em outra cartilha.

Faço-lhe então, uma prova aos avessos, para lhe perguntar
sobre meus erros.
Não será de múltipla escolha, pois creio não haver escolha
simples para questão tão complexa.

1ª Questão : Como poderia eu não tê-la magoado, se tanto
aprendi aquele primeiro verbo?

2ª Como poderia ter melhorado, se não consegui ainda
Conjugar direito aquele segundo verbo?

3ª Como poderei mudar no presente, se não terei um
Futuro a seu lado para receber seu apoio e contar com
Você em tão difícil travessia?

  Conjugue comigo este verbo, porque é imperativo que
eu o saiba conjugar num tempo de suavidade, que eu ainda
nem sei qual é, que talvez precisemos mudar a gramática
para inventá-lo, mas para o qual lhe quero minha parceira.

Sei que talvez não esteja em suas mãos me aprovar, sei
que existem muitas leis, estatutos e tantas outras coisas,
que ficam difíceis de serem compreendidas por mim...
Talvez seja preciso que eu me faça repetente nesta
Disciplina, e patine nela até aprender...
Não sei, ouvi dizer, pelos corredores da escola, que avaliar
é coisa muito difícil, não sei nem em que série se ensina,
ouvi dizer que  também existe um outro verbo, mas é mais
difícil ainda, não sei direito se ele se conjuga na
faculdade ou algo assim, parece que o nome deste verbo é
acertar, ou aceitar... Não sei direito, parece que é coisa de
gente mais grande.
No momento, tenho um problema específico com verbos,
mas lhe deixei uma surpresa para o final...

Existem outros verbos que não estavam no currículo, não
Sei bem direito porque, como também não sei exatamente
Como, mas a senhora me ensinou a conjuga-los direitinho.
Quer ver?

Eu amo
Tu amas
Ele ama
Nós amamos
Vós amais
Eles amam

Sei conjuga-lo também no futuro, sabe como?

Eu amarei
Tu amarás
Ele amará
Nós amaremos
Vós amareis
Eles amarão

Como sei que seu tempo de corrigir minhas provas está
Acabando, e também sei que a senhora prestou atenção
direitinho nas coisas que eu sei, não vou conjugar o último
verbo, só lhe direi que o conheço.
É o verbo Respeitar.
Juntando os dois, fica assim:
Te amo e respeito
Sem erros gramaticais,                         

Agradecida e engrandecida por Seu convívio,
de sua aluna Zélia.

Ps1: Minha mãe me falou que há um verbo perigoso, que
normalmente não anda só (será que ele tem medo de escuro? Eu e meu irmão às vezes temos), ela diz que este verbo não se conjuga direito no futuro, e é um verbo do presente, ou ele é um presente... de novo não lembro direito, mas o nome do verbo eu lembro, é SONHAR... Esse verbo, apesar de minha mãe ter dito que é perigoso (não sei porque, mas ela disse que criança não entende disso) ele é cheio de amigos.
Ele anda junto com o acreditar, o trabalhar, o construir, o prosseguir...
Ps2: Acho que é que tem muito verbo no mundo, ou muita gente? Professora, será que é mais difícil conjugar gentes, verbos, sonhos ou realidades? Acho que é por isso que é difícil conjugar o verbo aprender no passado absoluto, ainda bem que não existe este tempo verbal...

“Eu aprendi!”*
Ou aprendi tudo.

Professora, para onde a senhora for, não deixe inventá-lo.

Acho que agora é tchau,
Ou seria até breve?

Lhe amo muito.

Zélia Fajardini
Escola da vida
Séries iniciais
(Turma única)
Lauro de Freitas, 26 de novembro de 1997

domingo, 4 de setembro de 2011

Carta a filha que vai nascer...

Este será o próximo post... Uma carta escrita aos meus 19 anos para a Filha Pressentida e já Amada que dançava em meu ventre enquanto eu me deslumbrava com existir...

O início, o meio e nunca o fim...

Minha Muito Especial e Querida Amiga,
Começo pelo fim,
começo dizendo que Te Amo!
Este é sempre um bom começo e, com certeza,
O único meio.
O único meio pro crescimento, pro movimento,
prá coragem de prosseguir...
O único meio prá parar, aquietar, descansar
Sentir-se aceito pelo que se é,
não precisar ir a lugar
Nenhum...
Ter a suprema liberdade de só Ser.
Te Amo e o Amor inclui
o risco,
o susto,
a surpresa...
A possibilidade real de ver sempre a pessoa nova que é
e está.
Cartão é assim, uma coisa grande, prá gente tentar
(o que a gente sabe não ser possível)
traduzir
o que a gente sente.

No cartão (um dos) feito pela Fundação Natura,
Tem duas crianças, uma olha para a outra e diz:

- Tá vendo aquela casa?
- Qual? (responde a outra) Não há nenhuma casa ali.
- Então vamos construí-la.

A amizade é uma casa construída assim.
O terreno? O Encontro.
O cimento? O Amor.
Os tijolos?
Nossas possibilidades, nossos sustos, limites, sonhos,
medos, alegrias.
Os esteios? Nossos Espíritos.
As portas? A possibilidade de se encantar com
o Ser do outro. Com o que é evidente e com o que é ainda
semente.
Terminar como? Não termina, continua sempre.
Se um dia acabar ficarão para sempre o sorriso, o choro, a impossibilidade de ajudar, de traduzir, porque a Vida é assim:
INFINITA!

Agora, para fins estéticos, termino como comecei:
Te Amo!

Este é o início, o meio e nunca o fim.

Com carinho,
24 de dezembro de 1996